Já tenho explicado isto a várias pessoas.
Quem me ensinou a fazer tricot foi a minha mãe; ensinou-me os pontos básicos e como se começa e acaba um trabalho. Nada de grandes técnicas pois as suas artes eram (e são) outras.
Quem me ensinou a fazer camisolas foi a mãe de umas amigas de infância. Lembro-me muito bem "se queres aprender tens de fazer tudo como eu digo". Foi comigo comprar as agulhas, tinham de ser circulares (era a novidade da altura) e as lãs numa loja num 1º andar dos Restauradores. Ensinou-me a sua receita que eu segui durante anos: começas pela frente, preparas o decote, continuas pelas costas e fechas. Depois, apanhas as malhas e fazes as mangas. Receita simples e rápida ideal para adolescentes apressadas. Assim, fiz várias camisolas sempre na cores (ou falta delas) da moda.
Mais tarde, foi outra mãe que me ensinou aquilo que eu já há muito queria aprender. Aí, já com mais calma e dedicação aprendi outras maneiras de começar e acabar, juntar cores, torcer os fios, coser.
Depois estive muitos anos sem fazer nada. De vez em quando surgia a vontade de voltar a pegar nas agulhas, mas nada de sério.
Foi com a minha terceira gravidez que recomecei com força. Nesta gravidez fiquei bastante tempo em casa e, talvez por ser inverno (o meu único bébé de inverno), dediquei-me novamente ao tricot.
Comecei por querer fazer umas botinhas. Foi aí que fiz algumas descobertas. Descobri este admirável mundo dos blogs. Até aí desconhecia em absoluto este aspecto da internet. Descobri que havia muitos blogs sobre tricot, muita gente a fazer coisas (especialmente mulheres), muita gente que vivia disso (especialmente estrangeiras). Foram descobertas atrás de descobertas.
Já lá vão quase 4 anos e continuo a surpreender-me com aquilo que se pode aprender apenas com meia dúzia de clics.
O meu desconhecimento em relação ao tricot era enorme. Foi com grande espanto que vi que o modo de fazer tricot não é igual em todo o mundo. Para mim era simples: ao pescoço ou num alfinete. Não fazia ideia que podia ser de outro modo. Tenho descoberto outras maneiras de fazer malha, algumas bem engraçadas, e muitas, mas mesmo muitas novas técnicas. Não há um único dia em que me sente aqui e procurando um pouco não consiga aprender algo de novo. Acho fascinante o tricot circular, que elimina as tão terríveis costuras. Afinal, aquela ginástica que eu fazia com as agulhas circulares, para conseguir tricotar o decote, tem um nome técnico "magic loop" ou laço mágico, como dizem os nossos irmãos brasileiros.
Recentemente comprei o meu primeiro conjunto de 5 agulhas (o primeiro de muitos, devo dizer) com o objectivo de tricotar meias. Das meias passei para outras coisas que, de facto, com estas novas ferramentas se fazem com muito mais facilidade, as mangas, os gorros, as luvas, tudo isto é muito mais fácil se for feito em tricot circular e com 4 ou 5 agulhas, conforme nos der mais jeito.
Hoje, e involuntariamente sem o emprego que sempre tive, o tricot começa também a fazer parte da minha vida profissional. Como aqui tenho divulgado, tenho feito alguns workshops onde pretendo transmitir aquilo que sei. São sessões de aprendizagem técnica e não de execução de projectos, como muitas pessoas estão habituadas. Mais do que um modelo a seguir, gosto de explicar as técnicas, o caminho a seguir. Não fosse Portugal o país que todos sabemos e talvez fizesse disso profissão.
Por causa do tricot (e de outras manualidades) tenho conhecido pessoas, muitas pessoas e todas diferentes! Tenho visto com grande satisfação o aparecimento de novas lojas, espero que se mantenham por muitos e bons anos.
Tenho visto também que fora de Portugal, o tricot é visto de uma forma muito mais "sem preconceitos" do que cá! Tantos blogs famosos o demonstram. Há até homens que fazem malha e com grande sucesso!
Tivesse eu hipótese... e de certeza que iria
aqui . O UK Knit Camp 2010, Universidade de Stirling na Escócia entre 9 e 14 de Agosto. É uma excelente oportunidade para ter aulas e assistir a workshops por verdadeiras especialistas na matéria!
Divulguem e tricotem!