o ano escolar começa recheado de ácidos salpicos. bastaram as primeiras reuniões de pais para toda a frescura do Verão se evaporar
assumidamente, deito a língua de fora a quem diz (e escreve) que as escolas públicas são fantásticas! serão algumas - poucas -, e cada vez me convenço mais que a geografia é mesmo um factor importante. esteja relacionada com os grandes centros urbanos, interioridade ou influência da área de habitação, a verdade é que as escolas públicas portuguesas são muito diferentes entre si. há filhos e enteados, atrevo-me a afirmar.
por aqui, começamos com cortes onde achavamos que já não era possível cortar: redução dos horários das auxiliares, cortes nas verbas disponibilizadas, cortes nas viagens de estudo (o plural é mesmo uma maneira de dizer, pois a Junta de Freguesia apenas patrocinava uma deslocação por ano).
por outro lado, as dúvidas e incertezas não obedecem a este clima de contenção! não sabemos ainda se vamos ter funcionária que garanta o prolongamento do jardim infantil, sendo que o horário com que podemos contar é mesmo o das 9h às 15h 30 (se conhecerem algum emprego com este horário, por favor enviem-me um e-mail); nem se estes nossos filhos mais pequenos poderão continuar a aprendizagem da música e da natação, pelos vistos são matérias complementares, dispensáveis à formação das crianças.
a comunicação destas questões é deixada aos professores e a resolução dos problemas é deixada aos pais e encarregados de educação; o bicho papão, aquele grande e gordo do Agrupamento não deu a cara, talvez porque não a tenha mesmo! ficamos novamente a pensar porque o alimentamos e permitimos a sua existência...
no ano lectivo anterior, todos os pais (uns mais do que outros, claro está) se juntaram e melhoraram esta escola. este ano tem todas as salas pintadas, inclusivé os exteriores, muros e gradeamentos, tem mais um contentor-sala (sim, a minha filha tem aulas dentro de um contentor, que já existem preparados para este efeito) que permitiu que uma das salas fosse destinada apenas a servir de refeitório (que não havia), tem as janelas arranjadas e mais alguns pormenores.
todas estas obras foram possíveis, graças a um grupo de pais que mobilizou toda a comunidade, organizou festas e outras actividades para a angariação de fundos.
este ano teremos de nos organizar para manter tudo isto pois as verbas disponibilizadas mal chegam para o inevitável papel higiénico!
aqui faltam, acima de tudo, recursos humanos. Não é possível trabalhar e ter filhos se os horários do pré-escolar forem iguais aos horários das educadoras. Não é possível ficar tranquila, quando sei que há apenas uma funcionária para vigiar o recreio de 100 crianças, por muito boa e experiente que seja!
e como vai ser este ano? Como vair ser daqui para a frente? São os pais que têm de resolver o problema das escolas? Fazem sentido estas uniões de pais?
que o vosso regresso às aulas seja mais tranquilo do que o meu!
agora vou ali enganar o meu espírito, vestir o meu manto da tranquilidade para beijar os meus filhos e deixá-los na escola.