8 de abril de 2011
Quem é o Estado?
Afinal de contas quem é o Estado?
Estou cansada do espírito "quem não está bem muda-se" ou "quem tem pressa vai andando".
Costumo ír à praça, sim bem sei que é um privilégio. Como dizia, gosto de ír à praça, gosto de comprar os meus legumes na mesma senhora de sempre, gosto que seja ela a escolher o que vou por na sopa da família, "não leve os agriões, leve antes os espinafres que são meus, fazem melhor aos meninos" manda-me ela e eu obedeço descansada. Gosto de dar dois dedos de conversa com a senhora do pão, gosto dos senhores do talho e até já me habituei ao mau humor do peixeiro (desde que não me lembre de perguntar se tem jaquinzinhos daqueles mesmo pequeninos, tá tudo certo! pois se é proibido! quererei eu que ele vá preso só para eu ter o prazer de me deliciar com tão minúscula iguaria?)
O que eu não gosto é da falta de respeito, falta de planeamento, falta de profissionalismo e até da falta de humanidade desta pessoa que é o Estado!
Pois ao que parece veio a Junta e mandou fechar o mercado. É preciso reparar o telhado, decretou a ASAE. E assim se fez. Ainda sugeriu o Estado que os donos das bancas aproveitassem e ficassem em casa, afinal a obra deveria fazer-se no prazo de um mês, o de Março. Sabemos agora que o mês talvez até esteja certo mas o ano não foi indicado e, apesar de assumido pelas partes interessadas como sendo o presente, talvez não seja. Resultado? A praça está fechada, os donos das bancas (mas apenas aqueles que tiveram essa possibilidade) juntaram-se, alugaram uma tenda (como aquelas dos casamentos) e têm estado sem quaisquer condições de trabalho, saúde e higiene pública a tentar obter o cobro mensal, à custa de muita suadeira na dita tenda, de muito legume precocemente amadurecido, pão seco, peixe que já não é fresco e carne com mais bactérias do que o Séc XXI pode suportar! E as obras perguntar-me-ão... pois nem ve-las! Nem ainda começaram e já estamos em Abril!
Será, Senhor Estado, que estas pessoas vão passar os únicos 2 meses do ano em que conseguem sair do vermelho financeiro, enfiados na sauna? Qual das suas 8 cabeças engendrou tal plano?
Afinal quem é o Estado? Não serão pessoas que trabalham nas câmaras e juntas de freguesia? Não serão pessoas como eu e os donos das bancas da praça? Não darão eles valor aos seus ordenados no final do mês? Não são pessoas que trabalham para pessoas?
Parece-me a mim que o Estado tem de deixar de ser este monstro sem cara para que comece a ser produtivo e eficaz. Se tivesse uma cara eu já a teria olhado e feito a pergunta olhos nos olhos mas, como não tem, sei que se quizesse saber iria andar de departamento em departamento, à procura do génio que tomou esta decisão. Sei também que não iria encontrá-lo pois sei que estas coisas são como as bolas de neve, vão crescendo pelo caminho...
Se o Estado tivesse cara eu aproveita e perguntava-lhe também porque razão os meus filhos têm aula de natação sempre a seguir ao almoço? Nesse dia têm de comer pouco, dizem-me as professoras. Aqueles que não conseguem comer pouco ou que não conseguem comer tão rápido quanto os outros, acompanham os colegas, calçam os chinelos mas ficam no banco a assistir. E porquê pergunto eu? Porque não pode ser noutro horário? Porque é o horário que temos respondem-me. E quando as minhas perguntas são demais a resposta que tenho é "mas a natação não é obrigatória mãe, pode vir buscar os seus meninos". É assim?
No caso da praça ganha o hipermercado mais próximo, claro! No caso da escola quem ganha? O país?
Quem não está bem muda-se. E o Estado não me parece mesmo uma pessoa de bem!
Publicada por
Rosário
Etiquetas:
cidadania,
escola,
filhos,
mercado de santa cruz
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Bem Rosário, tens tanta, mas tanta razão!
ResponderEliminarE eu tenho tantas histórias como as tuas para contar!
É uma vergonha este nosso Estado!
:(
É o país em que vivemos nada a acrescentar. :(
ResponderEliminarTens toda a razão! O Estado somos todos nós e acho que o verdadeiro problema é mantermos a boca fechada quando devemos falar! Porque não escreves isto no jornal da Região da tua zona?
ResponderEliminarExcelente post. Gostei do teu desabafo e/ou revolta com o "estado" actual do Estado.
ResponderEliminarTens toda a razão!
ResponderEliminarE depois reclamamos, mandamos emails, cartas, vamos lá e nunca temos respostas! É insuportável! :(
Eu não fico quieta, mas é como se ficasse, porque nunca nada fica resolvido... E depois a frustração é enorme e sinto-me tonta de achar que podia mudar alguma coisa...
No fundo eu sei que é importante reclamar (quando temos razão), mesmo que nada aconteça, porque se ninguém falar, então é nada vai acontecer nunca!